domingo, 3 de abril de 2011

Chorrochó e Rodelas na disputa por usina nuclear
João Pedro Pitombo | A TARDE
O futuro do programa nuclear brasileiro, que prevê a construção de pelo menos quatro novas usinas nucleares no País até 2030, depende apenas de uma definição da presidente Dilma Rousseff. A Eletronuclear – estatal responsável pela operação das usinas nucleares – já concluiu as duas primeiras das quatro etapas dos estudos para definição do local das usinas e depende de uma decisão da presidência para dar prosseguimento às pesquisas. Para abrigar a Central Nuclear no Nordeste, que inicialmente prevê a instalação de duas usinas foram definidas duas macro-áreas às margens do rio São Francisco. Na Bahia, o cinturão vai desde Juazeiro até o município de Glória. Contudo, apesar de não haver uma definição oficial, os municípios de Rodelas e Chorrochó são apontados como os favoritos na Bahia para abrigar o projeto nuclear. Os sítios escolhidos favorecem uma possível divisão da central nuclear entre Bahia e Pernambuco. Em Chorrochó, o local escolhido fica no distrito de Barra de Tarrachil, região às margens do Rio São Francisco. Na outra ponta do rio fica o município pernambucano de Belém do São Francisco. No caso de Rodelas, a área definida também fica nas proximidades do rio, numa região em que na outra margem está a cidade de Itacuruba, Pernambuco.
De acordo com o coordenador da Eletronuclear no Nordeste, Carlos Henrique Mariz, o ideal é que se faça uma central com todas as usinas de um só lado do rio. No entanto, ele garante que não está descartada uma gestão compartilhada entre dois estados. Claro que existe uma preferência em fazer a central em uma só margem, por questões de economicidade. Mas podemos fazer uma usina em um lado e a outra no outro” , explica.
Com investimento previsto de R$ 10 bilhões por cada usina, o Complexo Nuclear do Nordeste deverá ficar num espaço capaz de abrigar até seis usinas nucleares. O objetivo é garantir um local com possibilidade de expansão futura do número de reatores.
Leia a reportagem completa no jornal A TARDE deste domingo e saiba mais sobre os critérios para a escolha do local da usina nuclear.
02/04/2011 às 19:32
por: Camilo Gomide
Saber escrever não é importante apenas pra se dar bem nas redações da escola e do vestibular. Engana-se quem acredita que terminado o ensino médio está livre dessa atividade. A escrita deve ser exercitada a vida toda. Quem domina a arte de colocar ideias no papel tem facilidade pra uma série de atividades sociais e profissionais. Arrumar um bom emprego e melhorar de vida depende, e muito, do nível de Educação que você tem (O que mostrou uma pesquisa da FGV divulgada nessa semana que você pode conferir aqui). O Indicador de Analfabetismo Funcional de 2009 (Inaf) revelou que apenas 25 % da população adulta do país é plenamente alfabetizada. Talvez essa seja uma explicação pra dificuldade de muitas empresas acharem mão de obra qualificada no Brasil. Convencido da importância de exercitar a escrita sempre? Bom, por via das dúvidas, aí vão mais alguns (bons) motivos pra você e seu filho começarem a escrever mais:
1-Ajuda na alfabetização
Pais que usam a escrita em casa – como a atriz Flávia Alessandra, na foto acima – ajudam os filhos a entender mais cedo a função social da escrita (e consequentemente da leitura) e, assim, colaboram com o processo de alfabetização.
2-Promove a inclusão
Quando uma pessoa aprende a escrever com clareza, ela assume seu lugar num mundo que cada vez mais precisa da escrita para se comunicar.
3-Melhora a comunicação
Quem sabe escrever bem sabe falar bem. Treinando a escrita, você treinará a capacidade de falar em público.
4-Permite registrar a própria história
Só por meio da escrita, você pode ter diários, fazer legendas em fotos, escrever blogs, cartas ou anotar pensamentos.
E algumas dicas para melhorar sua escrita:
-Escreva bilhetes, cartas, e-mails. Quanto mais você treinar no dia-a-dia, melhor escreverá.
-Brinque de palavras cruzadas, forca, stop, caça-palavras e outros jogos. Isso pode ajudá-lo a fixar a grafia correta.
-Compre um dicionário – saber o significado das palavras, vai ajudá-lo a aumentar a qualidade do seu texto.
-Leia sempre – quanto mais você ler mais vocabulário irá ganhar e a qualidade do seu texto aumentará.
-Copie poemas, letras de música e bons textos. O exercício leva ao aperfeiçoamento.
-Participe de redes sociais como o twitter, facebook e Orkut, evitando abreviações e grafias incorretas.

POR QUE O BRASILEIRO APRENDE TÃO POUCO?

O ensino público brasileiro está de recuperação. Dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) indicam que 70% dos alunos das séries avaliadas (quinto e nono anos do ensino fundamental e terceiro do ensino médio) não atingiram níveis de aprendizado considerados adequados em língua portuguesa e matemática. O número mais alarmante está no terceiro ano do ensino médio: apenas 9,8% dos alunos dominam conhecimentos que deveriam saber em matemática.
"Esses dados nos fazem concluir que o grande problema da educação brasileira está no aprendizado. O aluno está na escola, mas não aprende", diz Priscila Cruz, diretora executiva do Movimento Todos Pela Educação. "Nos Estados Unidos, 88% dos alunos possuem um aprendizado adequado. Ou seja, ainda temos um déficit educacional muito grande".
Se a questão central da educação é a aprendizagem, é inevitável perguntar: por que o aluno brasileiro aprende tão pouco? A resposta constitui um mosaico cheio de processos que precisam estar encaixados de maneira eficiente. A peça central, porém, está no docente: um professor qualificado gera qualidade de aprendizagem, que por sua vez gera qualidade na educação. "O professor é o grande ator de uma política educacional de sucesso e o avanço dos índices depende em grande parte do investimento na carreira docente", afirma Célio da Cunha, professor da Universidade de Brasília (UnB) e consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Arthur Fonseca Filho, ex-presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, concorda: "As pessoas mais bem preparadas hoje não procuram a carreira do magistério. Precisamos valorizar a função docente para inverter essa lógica e melhorar a educação". Além de atrair os melhores, é preciso oferecer formação inicial e continuada de qualidade que prepare o mestre para a realidade escolar. "A formação do professor é uma questão estruturante. Sem ela, nenhuma melhora é possível", sentencia Guiomar Namo de Mello, especialista em educação
Selecionar os melhores profissionais e investir na formação deles provou-se ser uma prática tão eficaz que está no topo das principais lições a serem aprendidas a partir de exemplos bem-sucedidos de modelos educacionais do mundo. O relatório Como os Sistemas de Escolas de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo, elaborado em 2008 pela consultoria americana McKinsey, mostra que na Coréia do Sul os futuros professores do ensino fundamental são recrutados entre a elite dos alunos do ensino médio. Por aqui, boa parte do professorado vem dos piores alunos. A maioria encontra ainda no ensino superior uma formação deficitária.
Investimento – Outro foco de discussão no processo de melhoria do ensino são os investimentos. Segundo dados oficiais, o governo federal investiu 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em educação básica em 2008. O número é digno de comemoração, se considerarmos que, em 2003, a cifra era de 3,2%. Apesar do crescimento, o número ainda está distante dos 5% considerados suficientes para sustentar um avanço significativo na educação para os próximos anos.
O gargalo pode estar não apenas no montante destinado ao setor, mas também na administração desses recursos pelos gestores das redes. É papel deles converter a verba em um ambiente propício para a aprendizagem. "Seria uma inconseqüência aumentar os recursos sem ampliar nossa capacidade de gestão", diz Priscila Cruz. Mais uma vez, os exemplos internacionais ajudam a mostrar o potencial de investir em uma boa gestão dos recursos. Em Cingapura, onde o índice de analfabetismo atinge 3,7% da população, a seleção de bons gestores passa por uma triagem rigorosa. Os selecionados passam por uma formação de seis meses, com direito até a estágio no exterior.
Para auxiliar na tarefa de conscientizar os gestores de sua importância, o Movimento Todos Pela Educação propõe uma lei de responsabilidade educacional. “Não adianta o gestor gastar licitamente o dinheiro destinado à educação sem ofertar um ensino de qualidade para os alunos de sua rede. Mesmo que ele não esteja roubando dinheiro, ele está roubando vidas”, afirma Priscila. "Ele precisa se responsabilizar, e ser punido se necessário, caso os resultados não estejam de acordo com o esperado”.
Professores, gestores, investimento. Essas são apenas algumas das peças que devem construir o grande mosaico da educação no Brasil. Em janeiro, a tarefa de acelerar o ritmo em direção a uma educação básica de qualidade será a assumida por um novo governo. A ele, os especialistas pedem clareza nas metas a serem atingidas e foco para alcançá-las. Para isso, o trabalho coordenado com estados municípios é fundamental, já que a responsabilidade pela administração direta da rede pública de ensino atualmente não cabe ao governo federal. Arthur Fonseca Filho sintetiza: “É preciso que cada instância – federal, estadual e municipal – assuma seu papel no regime de colaboração por uma educação de melhor qualidade”.